A VIAGEM DO VELEIRO "MORA-MORA" (JUN-AGO 03)

- APRESENTAÇÃO

Fazemos um relato sucinto da viagem de traslado do veleiro "MORA-MORA" do Rio de Janeiro, à cidade francesa Arzal (Bretanha) entre os dias 15/06/03 e 10/08/03. Apresenta-se informações retiradas do livro de bordo e croquis de navegação que possibilitam uma razoável análise do desenrolar da viagem, do comportamento e desempenho geral da embarcação e das condições de mar e tempo encontradas no trajeto.

- A EMBARCAÇÃO

"MORA-MORA" é um barracuda 45', projeto de Tony Castro, construído na Inglaterra no estaleiro Sadier, em 1988. Seu casco em fibra de vidro recheado com espuma de poliuretano é reputado como insubmersível. Com um comprimento total de quase 14 metros, tem o peso de um 40 pés, o que lhe permite menor área vélica e menor peso na quilha, do que um outro veleiro normal de semelhante dimensão. Sua quilha retrátil (1,20-2,40m) por mecanismo eletro-hidráulico termina num "bulbo" alado, e os dois lemes curtos (1,20m) com SKEGS, permitem o trânsito em águas mais rasas, ou mesmo o recuo da maré com o 4Ri barco permanecendo nivelado em seco. Armado em sloop, fracionado, é equipado com um gurupés removível, onde pode fixar um spi clássico. No estai largável, pode armar uma "solent" ou a vela de tempestade. Genoa com o enrolador, e vela grande "full balten" com 3 forras de rizos.

Comprimento total 13,70m(45'); Boca 3,80m; Calado 1,20-2,40m; Deslocamento de projeto 7,200 Kg; Motor 50 HP volvo penta (330h); Tanque de diesel 230 litros; Tanque de água 400 litros (2 tanques).

Equipamentos principais: piloto Autohelm 7.000; 2 gps fixos; painel no cockpit com os instrumentos "wind", ecossonda, speed e regulagem fina de orça, todos Autohelm ou Raytheon; rádio receptor de ondas curtas e banda lateral única; VHF; toca fitas + cd Pioneer c/ porta discos; boat fone imarsat e aparelho navtex 518 kHz; radar Furuno para 24 milhas. Material de salvatagem completo com balsa salva vidas para 6 pessoas e baliza epirb f 408mhz.; guincho elétrico de 1.200 watts. Para o suprimento de energia: dois painéis solares (+- 6 amp/hora), um gerador eólico de última geração e um gerador hidráulico instalado no púlpito de popa.

OBS- A partir de velocidade acima dos 5,5 nós e vento 15 nós, os geradores eólico + hidráulico repõem a energia consumida por uma geladeira + luzes de navegação (75w)

 

- A TRIPULAÇÃO

MARCOS T. DALCOLMO (skipper)

MÁRIO D. SILVA

RICARDO PILLA

JOSÉ VIEGAS (entre La Corunha e Arzal)

- A VIAGEM

Partimos do clube naval em Niterói, num Domingo dia 15/6/03 com bom tempo. Até Saquarema tivemos vento leste fraco, corrente contra de +- l nó e um marulho de cerca de 2m. Para não perder tempo numa zona da costa onde costuma soprar forte de leste, usamos o motor à 2.200 rpm e vela grande, o que nos dava uma velocidade de fundo de 5,5 nós. Logo constatamos que o radar que funcionava sem problemas no porto, não acusava alvos em mar aberto e foi o que ocorreu até o fim da viagem.

Na madrugada, um vento terral propiciou uma breve velejada lenta mas logo retomamos nosso curso à motor até Búzios, onde paramos para o embarque do Ricardo Pilla, aproveitando para repor diesel e água.

A viagem continuou até os Abrolhos com ventos fracos do setor norte a nordeste e corrente contra. Usando o motor em baixa rotação e as velas içadas, progredíamos a 4 ou 5 nós, sempre embalados pelo swell de SE. Aproveitamos a boa visibilidade para passar perto (menos de l milha) dos bancos ao largo do cabo de S. Tomé onde observamos as ondas quebrando em linhas de centenas de metros. Nessa área retiramos a linha de pesca após fisgarmos 3 horrendos baiacus de dentes afiados.

No final da noite do dia 19, ancoramos na ilha de Sta.Bárbara nos Abrolhos para ""descansar" da motorada, limpar um pouco melhor o casco, e dar um cheque geral na embarcação, além de conseguir via VHF uma previsão do tempo com o pessoal da marinha no local.

Constatamos água salgada sob os paineiros.

Descobrimos mais adiante que a entrada de água era, além do óbvio prensa gaxetas, também pelo retentor, muito usado do eixo do leme de bombordo (+- 2 l / hora).

A falta de vento obrigou outra parada em Ilhéus para diesel. Abastecemos no trapiche local que tem pouca profundidade, recolhendo a quilha para 1,2 metros . Antes de Ilhéus atropelamos um espinhei à noite e tivemos que cortá-lo para livrar o barco. Nesse trecho da costa baiana deve-se estar atento também, para traineiras de pesca ancoradas com pouca ou nenhuma iluminação.

O regime de ventos típicos dos alíseos de SE força 4 começou mais ou menos ao largo de Salvador, sempre com bom tempo. Ao sul de Aracaju, no entanto, o tempo tornou-se nublado e o vento força 5, vindo de NE com chuvaradas, ficando assim por boa parte da noite e o dia seguinte. Para não perder latitude enfrentamos o mar de até 2,5m com motor e vela grande rizada. Depois os alíseos voltaram e nos empurraram até Recife.

Recife é uma parada estratégica para quem vai pegar o rumo da África ou Europa. Lá abastecemos o barco "até o topo" de diesel, água e mantimentos (mais 300 l de diesel e 200 l de água em botijões de reserva). Ao provisionar temos que pensar na travessia da zona de calmarias intertropical e também nos preços bem mais altos dos mantimentos e do diesel nas próximas paradas.

Aqui, além do check geral na embarcação, trocamos as gaxetas do eixo da hélice que parou de vazar. Outros pontos de vazamentos foram localizados: na passagem do mastro pelo convés (enora). quando em condições de mar de través ou proa com mais de 2m; bombas de refrigeração das geladeiras com má vedação interna; pela gaiúta à vante e pela vigia ao lado da mesa de navegação. Ainda houve água de chuva que chegava ao porão pelo interior do mastro ou pela tampa de visita do motor, no fundo do cockpit. (Clique aqui e veja o Croqui do trecho Rio - Recife)

O primeiro dia da viagem rumo à Fernando de Noronha foi como de costume: SE força 4/5 com mar agitado pelo través. Com genoa e grande rizados na 1a forra, avançávamos à 6.5 - 7.0 e até 8.0 nós. No entanto, aí pela metade do trajeto o tempo tornou-se instável com "pirajás" ameaçadores, e achamos prudente reduzir pano pela noite escura. O tempo continuou assim como se estivéssemos em plena zona das calmarias intertropicais o que obrigou o uso do motor para chegar em F. de Noronha, e esta parada se fez bem necessária já que o motor não rendia mais que 1.800 rpm ou 4,0 nós, as geladeiras estavam em pane e a retranca ameaçava soltar-se do garlindéu (seu extremo junto ao mastro). além de água e sujeira no diesel.

O motor voltou a funcionar bem, depois da troca de filtros com limpeza de tubos e mangueiras de alimentação. O regime de rotação normal 3.600 rpm foi alcançado com o barco parado, e nos demos por satisfeitos. Na retranca, refizemos os furos e apertamos com parafusos maiores, o que solucionou o problema até a França. As geladeiras: com um eletricista local, constatamos um mau contato elétrico na de bombordo, que não estava sendo usada, e um fusível de má qualidade queimado no interruptor da geladeira maior, de boreste. Simples demais, mas saímos para o mar com as duas geladeiras operando.

Partimos de F. de Noronha às 16h. do dia 1° de Julho, não sem antes ter que pagar uma taxa de ancoragem de R$ 95,00 por uma noite no local. Éramos o barco inaugurando a medida, e lá estavam os administradores principais e a TV Golfinho. Deixamos claro o nosso contundente protesto por tão exorbitante taxa diária.

Rumamos para as ilhas do Cabo Verde, inicialmente fazendo rumo 35° - 45° verdadeiros o que dava um través para orça nos alíseos constantes, força 4 a 5, sudeste. Esta regularidade, "quase um motor" durou até aproximadamente à latitude 3° norte, quando o vento passou mais para sul e perdeu força. Aproveitamos para ganhar mais caminho na direção da África, mas os ventos, até o paralelo 7° norte vinham em geral fracos de SSE com períodos de chuva leve. Entre os paralelos 7° e 11° norte, caracterizou-se a monção do Senegal (ver croqui n.° 2) com ventos do setor oeste, principalmente SW, fracos com alguma chuva.

Ao usarmos o motor, constatamos que o dano causado pelo diesel do Iate Clube do Recife, continuava: o motor engrenado não passava dos 2.000 rpm ou menos, se tivéssemos mar e/ou vento contra. Uma nova troca de filtros e limpeza nas canalizações não surtiram efeito. A essa altura, a geladeira tão importante na conservação da insulina do tripulante Mário, só funcionava graças a uma bomba de uso intermitente, canibalizada do esgoto da ducha do banheiro. Descobrimos que o fusível queimava devido a um entupimento com pedaço de plástico na canalização de admissão d'água para refrigeração do compressor. Mas, sem chance. As bombas admitiam água no motor elétrico e mesmo sendo desmontadas, limpas, vedadas, não trabalhavam por longo tempo e foram retiradas do circuito.

Do paralelo 11° norte até as Ilhas do Cabo Verde, tivemos ventos variáveis fracos as vezes forte do setor NW, sempre com ameaças de chuva. Passamos pela Ilha S. Thiago mas preferimos rumar para a ancoragem segura, em Mindelo na Ilha S. Vicente. Logo ao norte de S.Thiago, encontramos novamente os alíseos, agora de N, o que nos proporcionou boa velejada para chegar. O primeiro mecânico em Mindelo, eximiu de culpa o motor pelo problema nos rpms e condenou a hélice de passe variável que estaria avariada e com um passe inadequado. Num belo exercício de apnéia retiramos o eixo com a hélice, desmontamos e a remontamos como manda o manual, mas nenhuma melhora foi constatada. O 2° mecânico chegou a melhorar os giros do motor em neutra mas ao constatar o insucesso no teste de mar, começou a diagnosticar coisas que se tivéssemos acreditado ainda estaríamos, provavelmente por lá. As bombas das geladeiras foram revisadas e os retentores e rolamentos trocados, escovas soldadas etc. e funcionaram muito bem na oficina. Uma vez montadas no circuito, pararam depois de algumas horas de funcionamento com o mesmo problema do motor alagado.

Constatamos ao chegar em Mindelo que o cabo de aço que liga o gurupés desmontável ao casco, fora serrado na pressa de roubarem o esticador, certamente em Fernando de Noronha, quando fomos à terra.(Clique aqui e veja o Croqui do trecho Recife - Cabo Verde)

De Mindelo, rumamos para os Açores negociando os alíseos de NE o que dava na carta um rumo verdadeiro de 335°; vento constante força 4 a 5, alguns dias mais fortes, força 6 com rajadas de 7, barco bem inclinado e mar de até 3m. Estas condições duraram até aproximadamente o paralelo 27° norte, quando passou a soprar de ENE força 3 a 4, o que predominou até próximo ao paralelo 36° norte. A partir daí, tivemos o predomínio de calmarias ou ventos do setor oeste até Horta, na Ilha Faial, onde chegamos após 10 dias exatos desde Mindelo. No trajeto tivemos uma pequena inundação do cofre e cabine de bombordo, na popa, causada pela maior e constante inclinação do barco para bombordo, justamente onde o retentor do eixo deste leme deixa passar água. Passamos então a bombear com mais freqüência.(Clique aqui e veja o Croqui do trecho Cabo Verde - Açores)

Nos Açores, a oficina autorizada volvo fica na Ilha de S. Miguel, cerca de 190 milhas para leste. Qualquer intervenção na bomba injetora do motor teria que ser feita lá. Assim, sem conseguir solução a curto prazo para o motor, decidimos continuar nossa viagem. Quanto à geladeira cuja bomba improvisada durou ou teve que trabalhar com "uma certa insistência" até aqui, ganhou uma bomba nova e melhor adaptada, solucionando o problema. Reparamos também a luz de navegação de bombordo improvisando uma lâmpada, mas a fiação dessas luzes está bem comprometida pela oxidação.(Clique aqui e veja o Croqui do trecho de aproximação e demanda dos Açores)

De Horta, em telefonema para o Rafael (La rueda de los navegantes), tivemos uma previsão de ventos fracos de norte e/ou NW, e ele nos aconselhou muito diesel de reserva. Devemos ter ficado um pouco ao sul das latitudes previstas, porque após o terceiro dia o vento de NW passou para o norte, depois NE e forçando. Passamos a uma orça negociando um mar confuso de até 4m, causado por uma depressão na costa portuguesa. Por dois dias tivemos vento NE força 5 a 6 e chegamos a pensar em  arribar para Portugal, mas a medida que a depressão se deslocava para o norte (acompanhamento via radio RF1 e Mônaco), o vento voltou para norte e depois NW diminuindo. Assim continuamos nossa viagem, livrando o cabo Finisterre sob neblina e chegando à La Corunha 8 dias após Horta.

Em La Corunha, onde paramos principalmente, para nos certificarmos de uma previsão meteorológica favorável para o golfo de Gasconha, tentamos por telefone uma autorizada volvo que não nos deu retorno... encontramos um senhor, mecânico do clube, de boa recomendação que depois de examinar o funcionamento do motor achou normal e desconfiou da montagem da hélice em Cabo Verde, pedindo para checá-la antes de tudo. Colocamos o barco em seco com a facilidade de um "travel lift" e constatou-se que a hélice estava em perfeitas condições de funcionamento. Sobrou então para um problema na bomba injetora que teria que ser retirada e se precisasse de peças poderia demorar (visto ser fim de semana e feriado) uns 4 dias... Barco n'água, quinta de noite, antes que a sexta viesse, e com uma previsão de ventos fracos variáveis e zonas de forte neblina.;.. Adios Espana ! Partimos para terminar nossa viagem rumo à Belle lie.

Nesta última etapa sentimos a falta do radar que nunca funcionou. Por outro lado as informações meteorológicas e de tráfego, não faltaram graças a cobertura da área por canais de VHF espanhóis e franceses, além do aparelho navtex, que produzia um fax a cada 4 horas, com prognósticos do tempo e notícias sobre o intenso tráfego nestas águas.

Na manhã do terceiro dia passávamos a menos de 3 milhas ao sul de Belle lie, sem vê-la, devido à neblina, e continuamos até deixar o farol da Ilha Hoedic pelo traves de BB. Daí à motor, para a foz do Rio La Viliaine, que estava calma com a maré montante. Seguimos rio acima, numa paisagem de fazenda e bosques, por entre muitos veleiros que saíam para a velejada de domingo. Nós completávamos nosso oitavo domingo no mar. A eclusa da barragem fechou-se assim que entramos, e lá estávamos nós, num lago de água doce. (Clique aqui e veja o Croqui do trecho final)

Chegamos, obrigado MOANA*.

 

- COMUNICAÇÃO / PREVISÕES METEOROLÓGICAS

Usamos os aparelhos de VHF, rádio receptor de SSB, NAVTEX 518 kz (Europa) e o Boat Fone IMARSAT (só recebia chamadas)

Estações / Freqüências : rádio France internacional / 15.300 klz , boletim às 11 h 40m UTC para o Atlântico NE e Antilhas; Rádio Mônaco / 17.325 kHz, boletim às 9h 30m UTC para o Atlântico NE e Golfo da Guiné / diálogo possível SSB; La rueda de los navegantes / 14.358 kHz às 22h UTC.

- OS NÚMEROS DA VIAGEM

Partida do Rio de Janeiro : 15/06/03 - Chegada em Arzal (França) : 10/08/03

Total de dias gastos : 56 d. Total de dias efetivamente navegados : 44 d + 10h.

Total de milhas navegadas : 5.560 (gps)  - Total de horas de navegação : 1.061 horas -  Média geral de velocidade horária : 5.33 nós (Rio - Búzios: 5 nós; Búzios - Abrolhos: 4.21 nós; Abrolhos - Ilhéus: 5.54 nós; Ilhéus - Recife: 5.68 nós; Recife - F. de Noronha: 5.74 nós; F. Noronha - C. Verde: 5.49 nós; C. Verde - Açores: 5.71 nós; Açores - La Corunha: 5.28 nós; La Corunha - B. He: 5.46 nós).

Total de horas de uso do motor : 460 h.

Total de diesel gasto : aprox. 900 L. Consumo médio à 2.000 rpm / 5nós : 2 L / hora

Custos principais : Diesel = R$ 1.630; Marinas = R$ 51; Peças + travel lift + mecânicos : R$ 1.250; Alimentação = R$ 2.480 (3 pessoas); Passagem aérea e terrestre = R$ 3,000, (1 pessoa)

 

LISTA DE REPAROS A SEREM FEITOS NO BARCO

 

Compartimento do motor:

Revisão da bomba injetora Troca de óleos e filtros

Recolagem da espuma isolante da tampa do motor; Vedação da tampa de visita do motor no fundo do cockpit

Geladeiras: Conserto ou troca das bombas de refrigeração; Verificar termostato da geladeira da cozinha

Parte elétrica: O radar não acusa alvos c/ o barco em movimento; Refazer as conexões e fixar as luminárias das luzes de navegação no púlpito de proa; Conserto da bomba de evacuação da ducha; Luminária c/ 3 lâmpadas do teto sobre a mesa de navegação

Vazamento d'água: Trocar retentor do eixo do leme de bombordo e checar o outro de boreste; Refazer a vedação na base do mastro (enora); Verificar vedação da 1a gaiúta a vante e da vigia da mesa de navegação

Mastreação e estaiamento: Refazer o sistema de fixação do gurupés; Reforçar a fixação da retranca na sua extremidade junto ao mastro; Trocar os parafusos do púlpito e balaustres que causaram manchas de oxidação

Painel de popa: Melhorar a fixação das dobradiças dos compartimentos da balsa salva-vidas e dos botijões de gás; Nova fechadura para o compartimento de botijões de gás

Velas e cabos: Remendos em pontos desgastados na base da genoa; Recolocar 1 carrinho da vela grande que se soltou do trilho do mastro; Examinar o ponto onde o cabo do enrolador está se esgarçando / trocar o cabo

Roda do leme: Trocar a bucha do eixo da roda do leme

 

* MOANA - das ilhas da Polinésia. A imensidão, a força e os mistérios do oceano.

 

Rio de Janeiro , 25 de Agosto de 2003

 

Marcos T. Dalcolmo