Pé na estrada
Casa de campo

Dobar dan
Regatas

Grécia um país azul
Itália: Mar Adriático
Grécia mar Iônico
Ao mar, novamente com leme
Sem leme e sem documento
Bem vindos ao Aquarela

Amigos de terra, mar e ar

 

Regatas

 

"Vento solar e estrelas do mar..."

 

Corfu, lay line, junho de 2005Pequenas coisas que nos acontece, permanecem na lembrança pra sempre, na véspera da minha partida, sai pra velejar no Marabá, fizemos o "giro al vela da Isola Gipóia", foi muito divertido, tivemos vento por quase todo o dia e um por do sol com todas as cores dos dias de outono. A noite preparei um jantar de despedida na casa da Ciça e Breyer, fizemos um risoto al tutti maré, cozido no vinho branco, foi uma grande festa com meus amigos, que saudades!
A chegada aqui na Itália foi perfeita, na segunda noite me presentearam com um belo jantar de boas vindas. Já no primeiro fim de semana tivemos treino, eramos 16 tripulantes a bordo, uma loucura!!!
Sempre com ventos de 15 a 20 nós, treinávamos todos os fins semana, por umas 4 horas. Levei um tempo para aprender todos os nomes da tripulação, mas em compensação todos sabiam meu nome e repetiam centenas de vezes por dia, pois como tinham muitas coisas para ajustar no Fetch, com cabos das adriças e escotas e impiubatura, (são mãos nas pontas dos cabos) em cabos solteiros, adriças, escotas, com alma ou de spectra, que eu fazia o tempo todo; a tripulação era eclética, tinha de 16 à 70 anos, só um detalhe eram 15 homens e só eu de mulher, não sofri nenhum tipo de preconceito mas também posso dizer que ninguém facilitou nada pra mim só porque sou mulher.
Em um dos treinos, nas redondezas de Bisceglie, Mar Adriático, pegávamos sempre um pescador ou alguma coisa que estivesse flutuando para fazermos de bóia de contra vento e montarmos, para treinar a içada do Genaker e as cambadas; uma vez pegamos uma pequena lancha que estava ancorada, detalhe tinha umas 6 pessoas na lancha tomando sol, assim o tático gritava "sette lunguezza", "sei lunguezza"... (lunguezza é o tamanho do barco) até chegar em "tre lunguezza" que era quando o genaker deveria estar pronto pra ser içado e todos se movimentam em função da manobra, em "una lunguezza" a vela é içada com elásticos para não armar antes da hora, e o timoneiro grita "atento a vira", bom se tudo desse certo o genaker se abria e literalmente acelerava a velocidade do barco, só que dessa vez o pessoal da lancha se assuntou com aquele enorme veleiro de 24m de aproximando há uns 9 nós, ligaram o motor e começaram a tirar âncora, assim nossa bóia se movia e ouvíamos a gritaria do pessoal da lancha, mesmo assim o timoneiro manteve o rumo e "montamos a bóia-lancha" como previsto; e passamos por eles com o gurupés há 5m, a manobra foi perfeita, mas tenho a impressão que o povo da lancha está xingando a gente até agora (por favor não façam isso em casa). Para cambar com o Genaker treinávamos exaustivamente, nossa marca estava em 12 segundos uma cambada.
Foram 3 semanas de treinos, partimos pra Brindisi uma semana antes da Regata, pois no sábado e domingo haviam regatas triangular, chegamos em primeiro em todas as regatas mas ... devido ao rating ficávamos em terceiro e quarto no corrigido. Muitas festas e jantares na semana que antecede a Regata Brindisi/Corfu, porque chegam barcos de toda a Europa, principalmente do Adriático leste, e como vem em regatas de seus países de origem chegavam quase todos juntos; e assim muita comemoração e música, pasta e vinho, parecia uma torre de babel, tanto eram os idiomas que se ouvia, e junto a todos esses eventos acontece o Salão Náutico de Brindisi, por isso são centenas de pessoas visitando os barcos e fazendo milhares de perguntas em todos os idiomas para qualquer um que estivesse de bobeira no convéns do Fetch 4.
No dia anterior da Regata Internacional Brindisi/Corfu, entrou uma frente fria de NW (chamada aqui de Maestrale) muito forte, ventos de 45 a 48 nós, a regata foi adiada para o dia seguinte de manhã bem cedo, por causa dos Ferryboats. Durante toda a noite o vento foi forte, e o Fetch adernava uns 20 graus amarrado no pier com 6 cabos e 4 poitas, ao amanhecer tinha diminuído pra 30 nós, na média, e como era a favor, partimos para Corfu, a largada foi dentro do porto, eram mais de 90 veleiros de todos os tamanhos e de toda a Europa, vi bandeiras da Suécia, Irlanda, Dinamarca, Suíça, Croácia, Malta, Bósnia, Montenegro, Grécia, Turquia, Espanha, França (muitos), Portugal e África do sul (vi somente um assim de tão longe).
Adrenalina pura, a largada foi de contravento e essa perna era pequena, assim em 6 minutos já estávamos com o genaker pequeno 380m² pronto para ser içado. Voávamos há uns 14 nós, largamos na frente, quarenta minutos depois trocamos o genaker por um maior de 510m², levíssimo, todo branco quase transparente, uma manobra perfeita içamos o genaker grande primeiro e baixamos o pequeno por trás para não perder velocidade, nem tocar na água, toda a equipe em sintonia, cada um sabia exatamente o que fazer, assim permanecemos em primeiro por quase toda a regata, 104 milhas náuticas, fazíamos nas planadas 17 nós, nas últimas 2 horas o vento diminuiu muito, e onde estávamos foi uma "sfortunada" escolha, assim perdemos a liderança e cruzamos a layline em quarto lugar, com 8h 53min.
Foi uma regata muito boa, tivemos um dia com sol e claro, a visibilidade era tanta que se podia ver a Itália e a Albânia ao mesmo tempo. O pessoal não desanimou nem na hora da chegada, estávamos sempre de alto astral, mesmo quando rompeu a escota do genaker e ficou só com a alma e um dos 4 proeiros tiveram que subir até o punho pra trocar a escota, e eu passei por cima uma outra e costurei, assim a que eu refiz ficou à sotavento.
O espírito de equipe, o astral, o bom humor, o esforço conjunto, o incentivo, foi pra mim uma experiência inédita e muito positiva, além do que aprendi muito ajuste e manhãs para manobras de velas, e que todos estão acompanhando os movimentos um do outro, não era preciso pedir nada. Também era exaustivo, no fim do dia quando todos desembarcavam eu só pensava em dormir, as vezes eu estava com fome mas só de pensar em andar 5 quarteirões para ir jantar preferia um iogurte e dormir!
Depois da regata voltamos pra a Itália com uma bela "motorada" porque não tinha vento e todo mundo queria ir pra casa! Fiquei em Brindisi ainda uma semana depois voltamos para o nosso porto em Bisceglie.
Agora a temporada de regatas está suspensa, é verão e todos estão saindo de férias com seus veleiros, o Fetch irá para a "Dalmácia" é como a Croácia se auto denomina, por causa das 1185 ilhas (referência as pintas do cão da raça dálmata).

Bons ventos e até setembro quando recomeçam os treinos e as regatas.
Christina Amaral

 

Bota fora! República das Antas, Bracuhy, Angra dos Reis, RJ maio de 2005

Porto de Trani, Itália

Corfu/Grécia, treinamento, junho de 2005

Troca de Genaker

Regata Brindisi-Corfu, junho de 2005

Vida de proeiro

 

Vida de proeiro

Fetch na linha de chegada, Corfu/Grécia, junho de 2005

Castelo em Kerkira, Grécia junho 2005

O mais perto de um deus grego que eu cheguei!!!!

No instrumento do alto esta marcando 11.1 nós de vento rea e no do meio 11.4 nós de velocidade na regata Brindisi/Corfu junho 2005