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O navegador da costa sudeste – leia-se Rio e São Paulo – encontra, a medida que ruma para o nordeste, várias particularidades as quais não está acostumado. A começar pelas variações de marés. Com amplitudes que chegam até 3 metros, esse enorme movimento de água, as vezes associado ao fluxo normal da vazão de um rio, forma correntezas fortes nas entradas de barras e mesmo dentro de baias como Camamu e Todos os Santos. A tábua de marés tão esquecida passa a ser constantemente manuseada e a regular a entrada e saída dos portos, os locais de ancoragem e até a quantidade de amarra da âncora. Em muitos locais, a correnteza fica competindo com o vento com o único objetivo de "soltar" a âncora do indivíduo. Não é raro a ocorrência de laçamento da quilha pela própria amarra da embarcação e todas as suas consequências.

A partir de Abrolhos, o navegante do sudeste passa a conviver com enormes áreas protegidas por recifes e bancos de areia (as famosas "coroas") que demandam uma navegação muito caprichada, principalmente na entrada e saída das ancoragens.

Outra diferença é a característica da costa do nordeste de ser baixa, que se perde de vista com poucas milhas de afastamento. O navegante do sudeste está acostumado a enxergar as montanhas da serra do mar mesmo muito afastado de terra. Uma ocorrência meteorológica muito característica da costa do nordeste são os "Pirajás"; Enormes nuvens de chuva que se deslocam rapidamente na mesma direção do vento predominante e que podem aumentar a velocidade do vento em até duas forças.

Embaixo d’água e na superfície também muitas mudanças. Na latitude de Abrolhos já encontramos os primeiros peixes voadores e baleias. Grandes golfinhos (que parecem pequenas baleias) e muitos peixes de passagem (bom para corrico). Essa rota passa também por áreas muito conhecidas pela pesca esportiva: em frente a Vitória e o banco Royal Charlote próximo a Belmonte.